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O triunvirato

  • Foto do escritor: Luiz Carlos Hauly
    Luiz Carlos Hauly
  • 24 de mai. de 2005
  • 3 min de leitura

LUIZ CARLOS HAULY


Levantamento realizado recentemente pelo Barômetro Ibero-americano de Governabilidade, com sede em Bogotá, Colômbia, revelou que os três líderes latino-americanos que mais se sobressaem são o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro. A pesquisa foi realizada em 17 dos 18 países latino-americanos e é um indicador confiável dos padrões continentais de exercício do poder. O resultado desse levantamento merece algumas reflexões.


No poder há mais de quatro décadas, Castro é o mais longevo de todos os governantes da era moderna latino-americana. Seu currículo é conhecido em demasia, todos os que têm bom senso sabem que ele se perpetua no poder graças ao regime policialesco que implantou na ilha caribenha e que somente após sua morte, salvo algum fenômeno sócio-político de gravidade extrema, os cubanos terão a perspectiva de voltar a viver com liberdade.


O líder cubano não conseguiu até hoje formar um sucessor em seu país. Raúl, seu irmão, está a anos-luz de seu carisma, inteligência e capacidade de aglutinação.


Castro conseguiu, no entanto, adotar um sucessor, mas ironicamente em outro país: Hugo Chávez. O presidente venezuelano, guardadas as devidas proporções e respeitadas as peculiaridades regionais e as circunstâncias históricas, assumiu uma linha de ação e um comportamento que revigoraram no continente o mito castrista.


Lula governa o maior país da região, chegou ao poder içado por seu passado de líder sindical e pela imagem de “self-made man” e ainda cativa as massas e alguns intelectuais, embora em intensidade decrescente, devido à perspectiva criada por suas promessas, que até agora se revelaram irrealizáveis, de, enfim, extirpar a crônica injustiça social do Brasil.


Os três líderes têm em comum a distância abissal entre o que pregam e o que fazem. Cuba, paraíso social apregoado por Castro, está estagnada há décadas entre os países mais pobres do mundo. A Venezuela, que enfrentava antes da ascensão de Chávez uma crise social, política e econômica sem antecedentes históricos, só conseguiu a estabilidade política – nos outros dois campos recusou acentuadamente, apesar de o preço do petróleo, principal produto do país, estar batendo recordes sobre recordes. E a estabilidade política venezuelana foi obtida graças à truculência de Chávez, que, de expurgo em expurgo, de decreto em decreto, passou a controlar o Judiciário e o Congresso.


E o Brasil? Bem, o Brasil da era Lula transformou-se numa caricatura do neo-socialismo proposto por Lula e o Partido dos Trabalhadores. Ele e o PT não ousaram, felizmente para o país, alterar as regras econômicas e políticas, prometendo, no entanto, para compensar esta atitude condenada pela linha programática do partido, promover a maior revolução social de nossa história. Nada disso aconteceu. A política social do governo Lula, passados quase dois anos e meio desde sua posse, é um fracasso retumbante.


Moral da histórica: os três líderes latino-americanos que mais se destacam são, ao mesmo tempo, os que dão mais ênfase às suas imagens e aos seus discursos seguidos de ações muitas vezes espalhafatosas do que ao bem-estar de seus cidadãos. Pertencer ao time dos líderes mais famosos não significa – atenção Lula, atenção PT! – estar no coração de seus subordinados como, aliás, atestou a pesquisa colombiana, segundo a qual os presidentes mais queridos em seus respectivos países são os do Chile, Uruguai (que acaba de tomar posse), República Dominicana e Argentina.


Que a Virgem de Guadalupe, padroeira das Américas, impeça que líderes como Castro, Chávez e Lula se multipliquem.


LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é membro da Comissão de Tributação e Finanças da Câmara dos Deputados

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