A bússola
- Luiz Carlos Hauly
- 1 de ago. de 2006
- 2 min de leitura

Os sucessivos escândalos envolvendo integrantes do Congresso Nacional, que culminaram nesta legislatura com o mensalão e descoberta das sanguessugas, comprometem não apenas os que exercem o mandato, mas a própria atividade parlamentar e, em última instância, a instituição do Parlamento.
É natural que diante da avalanche de denúncias contra os parlamentares o eleitor se sinta indeciso sobre quem escolher nas eleições de outubro, quando os mandatos serão renovados, e até propenso a anular seu voto. Essa predisposição foi detectada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a interpretou como um sinal de alerta às instituições democráticas. Para incentivar o eleitor a votar, e validar seu voto, o TSE está promovendo uma campanha nacional no rádio e tevê.
A finalidade do TSE, segundo seu presidente, Marco Aurélio de Mello, não é o de meramente garantir coeficiente eleitoral, mas, acima de tudo, de conscientizar o eleitor desiludido que o seu voto útil é a ferramenta indispensável para que o Congresso possa expurgar de seus quadros os maus parlamentares – e, assim, renovar-se. Por isso o lema escolhido para a campanha: “Pense e Vote – O Brasil está em suas mãos”.
Para o eleitor compreensivelmente perplexo diante do dilema do voto útil ou em branco ou nulo, sugiro uma consulta às orientações recentemente formuladas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre as eleições deste ano. O livreto “Eleições 2006 – Orientações da CNBB” pode ser adquirido (é barato) em qualquer livraria católica. Apesar de terem sido elaboradas pela Igreja Católica, as orientações são interconfessionais – ou seja, aplicam-se aos eleitores de todos os credos.
O manual dirige-se aos eleitores, apontando diretrizes de escolha, e também aos candidatos, sugerindo programas de ação que estejam em conformidade com o bem comum. “O mais importante e decisivo, hoje”, alerta a CNBB, “é definir um novo modelo para o nosso país”. É a identificação do candidato com este modelo que, em última instância, deve orientar o voto em 1º. de outubro.
O projeto de Nação proposto pela CNBB possui sete elementos principais, que são:
1. Democratizar o Estado e ampliar a participação popular
2. Rever o modelo econômico e o processo de mercantilização da vida
3. Ampliar as oportunidades de trabalho
4. Fortalecer exigências éticas em defesa da vida
5. Reforçar a soberania da Nação
6. Democratizar o acesso à terra e ao solo urbano
7. Proteger o meio ambiente e a Amazônia
Mas também, ressaltam os bispos, “é fundamental discernir o perfil ético e as verdadeiras motivações dos que se apresentam como candidatos”. Assim, “os critérios da escolha devem levar em consideração tanto a honestidade pessoal (do candidato) quanto a sua trajetória, voltada aos interesses da coletividade”.
O desafio cívico está lançado. O alerta do TSE e as orientações da CNBB são a bússola para se encontrar os homens honrados que vão compor o próximo Congresso.
LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é deputado federal.
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